Olá, meus caros!
Continuando com a aventura de nossos intrépidos heróis, eis o reporte da segunda sessão:
2ª sessão
A Lua crescente nasce com o cair
da noite, e os três aventureiros se encontram na parte de fora da
cidade-capital, esperando seus guias. Não muito depois, eles avistam quatro
figuras cobertas por mantos passarem pelos portões principais e seguirem em sua
direção.
Duas são conhecidas;
apresentaram-nos ao Chefe Pluto. As outras duas são tão desconhecidas quanto
enigmáticas. A primeira é um jovem com um tapa-olho cobrindo seu olho esquerdo.
O segundo, já um homem mais velho, por volta de seus 35 anos, que nem sequer
lança uma palavra em cumprimento a eles.
Por incrível que pareça, é o
jovem que toma a palavra. “Eu sou Lupino. Serei o guia.”. Após algumas
formalidades, ele continua: “Mestre Pluto me informou de nosso destino e de
quem é o homem a quem devemos entregar o que carregam. Isso é tudo que precisam
saber. Devemos nos afastar um pouco dessa cidade antes de descansarmos esta
noite.”.
“Vejam que há dois caminhos que
levam ao nosso destino. O primeiro, mais curto, segue uma velha trilha pela Floresta
Negra. Em dois dias de viagem estaremos lá. Porém, nunca se sabe o que se pode
encontrar pairando na escuridão daquelas árvores.”
“O segundo é pela planície que
circunda a Floresta. Apesar de mais longo, o campo aberto nos dará uma visão
mais ampla do terreno e teremos menos chance de sermos emboscados. Além disso,
esse caminho é muito utilizado pelos mercadores e possivelmente encontraremos
algum na viagem. Então? Por onde desejam seguir?”.
Após um breve momento
confabulando, PipiPitchu anuncia que a trilha por dentro da floresta parece a
melhor opção. E assim eles partem em viagem.
Logo com o anúncio de Lupino de
que está na hora de descansarem, Pipoca fala para todos, enquanto busca por sua
caneca na mochila: “Meu grande amigo PipiPitchu aqui disse que a primeira
vigília é dele esta noite!”. Um sorriso se abre em seu rosto com o olhar de
desaprovação do bárbaro.
Durante a vigília do bárbaro,
Lupino também fica de guarda. Logo, ambos começam a puxar conversa. Ficamos
sabendo da triste história de Lupino, que foi abandonado logo criança por sua
mãe e precisou roubar para se manter vivo. Até mesmo foi estuprado por um
cachorro em uma noite infortunada. Mas quando o Mestre Pluto lhe encontrou, sua
sorte havia mudado. Agora, ele tinha tudo o que queria, em troca da simples
obediência das ordens do obeso chefe da Guilda dos Ladrões.
Ele ainda libera informações do
destino da viagem. A orbe será vendida para um morador de uma pequena vila de
fazendeiros que se encontra logo após a Floresta Negra. Uma vila tão pequena
que não possui nem nome.
Também sabemos um pouco mais da
história do bárbaro. Seu pai, PapaPapai, o Gago, tinha um sonho de ter muitos e
muitos filhos. Porém, por um viés do destino, acabou ficando impotente; e
alguns anos depois, sua esposa veio a falecer. PipiPitchu tomou para si o sonho
do pai, e busca ter nada menos que cem filhos no mundo. Por isso sua busca
incessante por dinheiro (para sustentar tal prole) e sua vontade de acasalar
com qualquer mulher que encontre.
A noite passa sem maiores
problemas, e o dia seguinte também. A floresta é densa, escura, e sempre há
aquela sensação de que alguém espreita e observa entre as árvores. Os homens da
guilda têm um mau pressentimento e dizem que acham melhor voltar e pegar o
caminho da planície. Os aventureiros descartam a possibilidade e acreditam tudo
ser uma paranoia de medrosos. Seguem em frente.
Com o cair da noite, todos
começam a montar acampamento. Pipoca logo anuncia: “Pois vejam! O bárbaro pediu
a primeira vigília novamente!”. E solta um sorriso. O bárbaro não acredita que
foi mais lento que o halfling de novo.
Dessa vez, quem assume a guarda
com o bárbaro é a membro mais velho. Permanece silencioso e soturno em seu
canto. Quando PipiPitchu tenta puxar conversa, não há resposta. Mas um aviso
vem de Lupino: “Ele não fala. Desde que o conhecemos ele não emitiu um ‘piu’
sequer. Deve ser trauma de infância...”. O bárbaro desiste.
Mas a monotonia não dura muito
tempo. Logo, o bárbaro e o homem se levantam. Eles avistam dois pares de
pontinhos vermelhos surgirem no meio da mata logo adiante. Um som estranho,
parecido com gritos e chiados, toma conta do silêncio da floresta; e logo mais
pontinhos aparecem por toda a volta ao redor deles.
Estrelinha diz que os sons
parecem com o idioma dracônico, porém muito mais primitivo. A confirmação vem
de Lupino: “Kobolds! E estamos cercados! Devem ter uma dúzia deles ao nosso
redor.”.
Todos os membros da guilda sacam
suas espadas curtas. O bárbaro empunha seu machado e todos formam um círculo,
um de costa para os outros. Estrelinha se encontra no meio do círculo e Pipoca
corre para tentar se esconder em uma moita longe da luz da fogueira.
O som se intensifica, como se
bradassem um grito de guerra. Pequenas lanças voam em direção ao grupo. Somente
uma acerta seu alvo: a perna de um dos homens da guilda. Os pontinhos vermelhos
começam a aumentar de tamanho, indicando que eles estão se aproximando e
fechando o cerco.
“São muitos! Vamos arremeter na
direção da vila, abrir aquela parte do cerco na base do aço, e continuar
correndo noite adentro até despistarmos eles.”. A ideia veio do bárbaro.
Ninguém pareceu recusar ou ter uma melhor.
Eles investem na direção dos
olhinhos que vêm do oeste, Lupino e PipiPitchu à frente do grupo. Logo, se
deparam com quatro criaturas baixinhas, com escamas e rabos compridos como
répteis, empunhando pequenos escudos de madeira e espadas curtas. A primeira
defende o golpe de espada de Lupino com seu escudo, enquanto a segunda é
degolada pelo machado do bárbaro.
Uma esfera de pura magia
cintilante explode no peito da terceira criatura, que cai chamuscada; enquanto
a quarta e um membro da guilda se digladiam.
O caminho parece que está se
abrindo. O plano parece que está dando certo. Mas eles se esqueceram de avisar
Pipoca, que estava escondido no meio da vegetação. Ao sair do esconderijo e
arremessar uma de suas adagas certeiras na testa de uma das surpresas
criaturinhas, o halfling se depara com a situação. Ele está sozinho e longe de
seus companheiros. Ele tenta correr até eles, mas é barrado por um dos seres
reptilianos, que atravessa a lateral de sua barriga com a lâmina de sua espada
curta.
Ao ver a cena, o bárbaro grita um
poderoso “NÃO!” que ecoa floresta adentro, e corre em direção ao companheiro,
que está quase perdendo as forças e indo ao chão. Os outros integrantes da
comitiva, após um segundo de hesitação, o acompanham. O resto das criaturas
consegue fechar o cerco ao redor deles. Uma intensa batalha segue noite
adentro.
Após minutos que mais parecem uma
eternidade, os corpos inertes e massacrados de vários kobolds se encontram aos
pés dos guerreiros, enquanto os poucos remanescentes fogem para dentro da mata.
Saíram vitoriosos, mas não sem baixas. O homem que antes não falava, agora
nunca terá a oportunidade; e um de seus companheiros também jaz morto ao seu
lado. Além disso, Lupino e o outro membro da guilda se encontram gravemente
feridos, Pipoca está à beira de um colapso (somente sua força de vontade, ou os
deuses, o mantém de pé), e PipiPitchu possui um profundo corte em uma das
pernas.
Após algumas bandagens serem
aplicadas, eles decidem seguir viagem o resto da noite, com o halfling sendo
carregado pelo bárbaro. Com o raiar do sol, eles chegam ao final da trilha e se
encontram fora da Floresta Negra. A vila já pode ser avistada no horizonte, e
Lupino calcula que chegarão lá com as últimas luzes do poente.
Decidem,
então, montar um acampamento improvisado ao lado da estrada e dormir um pouco,
para recobrarem as forças, na medida do possível. Depois retomariam a viagem.
Com as poucos forças que restam, Pipoca fala em um tom baixo: “A primeira vigília é do bárbaro...”.
Abre um singelo sorriso antes de desmaiar...