segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Ode à Flor no Deserto

Qual uma tela de Monet,
uma flor no deserto é uma paisagem rara,
única;
de tamanha beleza imensurável.

Engana-se o admirador desatento,
ao pensar que a flor está solitária.
Falha, pois, ao enxergar todos os grãos de areia que lhe fazem companhia;
admirando-a aos seus pés.

Porém, como todo dia precede a noite,
há o momento em que o caule da flor é cortado,
a raiz se desprende do solo;
e até mesmo esta Afrodite dá um último suspiro.

Não há razão para culpar o Destino.
Pois, nas palavras deste próprio perpétuo:
“Eu não desejo, não sonho nem destruo,
tampouco me desespero nem me encanto.
Apenas sou.”

Não me estenderei falando sobre naus e navios,
dos quais ela certamente era o lastro.
Não compararei mais Astros e estrelas,
nem mencionarei que ela seria nossa Estrela Polar.
Nas palavras do poeta preferido da flor, W. H. Auden,
“deixem que o luto chore”.

Rá, com sua coroa dourada,
continua aquecendo seus súditos.
A prateada deusa das marés,
continua vencendo a escuridão com sua luz.

E assim, nós também devemos continuar,
pois era o que flor desejava.
Como diria o Bardo:
“O amanhã, o amanhã; outro amanhã,
dia a dia se escoam de mansinho,
Até que chegue, alfim, a última sílaba do livro da memória.”

O brilho que a flor derramou sobre nós ficará sim nas memórias;
até o derradeiro momento.
Mas a tristeza deve dar lugar para as lembranças joviais e alegres.
E várias são as lembranças proporcionadas por esta flor do deserto;
a qual era conhecida por vários nomes:
Dona, Amor, “baixinha”;
ou simplesmente: Mãe!


                                                                                             NICOLETTI, Rafael

Uma homenagem à Heloisa Aparecida Scopinho Nicoletti (1956-2014)

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Uma Aventura Inesperada - Sessão 02 (1ª parte)

Olá, meus caros!
Continuando com a aventura de nossos intrépidos heróis, eis o reporte da segunda sessão:

2ª sessão
A Lua crescente nasce com o cair da noite, e os três aventureiros se encontram na parte de fora da cidade-capital, esperando seus guias. Não muito depois, eles avistam quatro figuras cobertas por mantos passarem pelos portões principais e seguirem em sua direção.
Duas são conhecidas; apresentaram-nos ao Chefe Pluto. As outras duas são tão desconhecidas quanto enigmáticas. A primeira é um jovem com um tapa-olho cobrindo seu olho esquerdo. O segundo, já um homem mais velho, por volta de seus 35 anos, que nem sequer lança uma palavra em cumprimento a eles.

Por incrível que pareça, é o jovem que toma a palavra. “Eu sou Lupino. Serei o guia.”. Após algumas formalidades, ele continua: “Mestre Pluto me informou de nosso destino e de quem é o homem a quem devemos entregar o que carregam. Isso é tudo que precisam saber. Devemos nos afastar um pouco dessa cidade antes de descansarmos esta noite.”.
“Vejam que há dois caminhos que levam ao nosso destino. O primeiro, mais curto, segue uma velha trilha pela Floresta Negra. Em dois dias de viagem estaremos lá. Porém, nunca se sabe o que se pode encontrar pairando na escuridão daquelas árvores.”
“O segundo é pela planície que circunda a Floresta. Apesar de mais longo, o campo aberto nos dará uma visão mais ampla do terreno e teremos menos chance de sermos emboscados. Além disso, esse caminho é muito utilizado pelos mercadores e possivelmente encontraremos algum na viagem. Então? Por onde desejam seguir?”.

Após um breve momento confabulando, PipiPitchu anuncia que a trilha por dentro da floresta parece a melhor opção. E assim eles partem em viagem.
Logo com o anúncio de Lupino de que está na hora de descansarem, Pipoca fala para todos, enquanto busca por sua caneca na mochila: “Meu grande amigo PipiPitchu aqui disse que a primeira vigília é dele esta noite!”. Um sorriso se abre em seu rosto com o olhar de desaprovação do bárbaro.

Durante a vigília do bárbaro, Lupino também fica de guarda. Logo, ambos começam a puxar conversa. Ficamos sabendo da triste história de Lupino, que foi abandonado logo criança por sua mãe e precisou roubar para se manter vivo. Até mesmo foi estuprado por um cachorro em uma noite infortunada. Mas quando o Mestre Pluto lhe encontrou, sua sorte havia mudado. Agora, ele tinha tudo o que queria, em troca da simples obediência das ordens do obeso chefe da Guilda dos Ladrões.
Ele ainda libera informações do destino da viagem. A orbe será vendida para um morador de uma pequena vila de fazendeiros que se encontra logo após a Floresta Negra. Uma vila tão pequena que não possui nem nome.

Também sabemos um pouco mais da história do bárbaro. Seu pai, PapaPapai, o Gago, tinha um sonho de ter muitos e muitos filhos. Porém, por um viés do destino, acabou ficando impotente; e alguns anos depois, sua esposa veio a falecer. PipiPitchu tomou para si o sonho do pai, e busca ter nada menos que cem filhos no mundo. Por isso sua busca incessante por dinheiro (para sustentar tal prole) e sua vontade de acasalar com qualquer mulher que encontre.

A noite passa sem maiores problemas, e o dia seguinte também. A floresta é densa, escura, e sempre há aquela sensação de que alguém espreita e observa entre as árvores. Os homens da guilda têm um mau pressentimento e dizem que acham melhor voltar e pegar o caminho da planície. Os aventureiros descartam a possibilidade e acreditam tudo ser uma paranoia de medrosos. Seguem em frente.
Com o cair da noite, todos começam a montar acampamento. Pipoca logo anuncia: “Pois vejam! O bárbaro pediu a primeira vigília novamente!”. E solta um sorriso. O bárbaro não acredita que foi mais lento que o halfling de novo.
Dessa vez, quem assume a guarda com o bárbaro é a membro mais velho. Permanece silencioso e soturno em seu canto. Quando PipiPitchu tenta puxar conversa, não há resposta. Mas um aviso vem de Lupino: “Ele não fala. Desde que o conhecemos ele não emitiu um ‘piu’ sequer. Deve ser trauma de infância...”. O bárbaro desiste.

Mas a monotonia não dura muito tempo. Logo, o bárbaro e o homem se levantam. Eles avistam dois pares de pontinhos vermelhos surgirem no meio da mata logo adiante. Um som estranho, parecido com gritos e chiados, toma conta do silêncio da floresta; e logo mais pontinhos aparecem por toda a volta ao redor deles.
Estrelinha diz que os sons parecem com o idioma dracônico, porém muito mais primitivo. A confirmação vem de Lupino: “Kobolds! E estamos cercados! Devem ter uma dúzia deles ao nosso redor.”.
Todos os membros da guilda sacam suas espadas curtas. O bárbaro empunha seu machado e todos formam um círculo, um de costa para os outros. Estrelinha se encontra no meio do círculo e Pipoca corre para tentar se esconder em uma moita longe da luz da fogueira.
O som se intensifica, como se bradassem um grito de guerra. Pequenas lanças voam em direção ao grupo. Somente uma acerta seu alvo: a perna de um dos homens da guilda. Os pontinhos vermelhos começam a aumentar de tamanho, indicando que eles estão se aproximando e fechando o cerco.

“São muitos! Vamos arremeter na direção da vila, abrir aquela parte do cerco na base do aço, e continuar correndo noite adentro até despistarmos eles.”. A ideia veio do bárbaro. Ninguém pareceu recusar ou ter uma melhor.
Eles investem na direção dos olhinhos que vêm do oeste, Lupino e PipiPitchu à frente do grupo. Logo, se deparam com quatro criaturas baixinhas, com escamas e rabos compridos como répteis, empunhando pequenos escudos de madeira e espadas curtas. A primeira defende o golpe de espada de Lupino com seu escudo, enquanto a segunda é degolada pelo machado do bárbaro.
Uma esfera de pura magia cintilante explode no peito da terceira criatura, que cai chamuscada; enquanto a quarta e um membro da guilda se digladiam.

O caminho parece que está se abrindo. O plano parece que está dando certo. Mas eles se esqueceram de avisar Pipoca, que estava escondido no meio da vegetação. Ao sair do esconderijo e arremessar uma de suas adagas certeiras na testa de uma das surpresas criaturinhas, o halfling se depara com a situação. Ele está sozinho e longe de seus companheiros. Ele tenta correr até eles, mas é barrado por um dos seres reptilianos, que atravessa a lateral de sua barriga com a lâmina de sua espada curta.
Ao ver a cena, o bárbaro grita um poderoso “NÃO!” que ecoa floresta adentro, e corre em direção ao companheiro, que está quase perdendo as forças e indo ao chão. Os outros integrantes da comitiva, após um segundo de hesitação, o acompanham. O resto das criaturas consegue fechar o cerco ao redor deles. Uma intensa batalha segue noite adentro.

Após minutos que mais parecem uma eternidade, os corpos inertes e massacrados de vários kobolds se encontram aos pés dos guerreiros, enquanto os poucos remanescentes fogem para dentro da mata. Saíram vitoriosos, mas não sem baixas. O homem que antes não falava, agora nunca terá a oportunidade; e um de seus companheiros também jaz morto ao seu lado. Além disso, Lupino e o outro membro da guilda se encontram gravemente feridos, Pipoca está à beira de um colapso (somente sua força de vontade, ou os deuses, o mantém de pé), e PipiPitchu possui um profundo corte em uma das pernas.
Após algumas bandagens serem aplicadas, eles decidem seguir viagem o resto da noite, com o halfling sendo carregado pelo bárbaro. Com o raiar do sol, eles chegam ao final da trilha e se encontram fora da Floresta Negra. A vila já pode ser avistada no horizonte, e Lupino calcula que chegarão lá com as últimas luzes do poente.

Decidem, então, montar um acampamento improvisado ao lado da estrada e dormir um pouco, para recobrarem as forças, na medida do possível. Depois retomariam a viagem. 
Com as poucos forças que restam, Pipoca fala em um tom baixo: “A primeira vigília é do bárbaro...”. Abre um singelo sorriso antes de desmaiar...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma Aventura Inesperada - Sessão 01 (2ª parte)

Fala galera!
Continuemos as aventuras de nossos intrépidos heróis:

Após decidirem que não era seguro ficar andando com a orbe por aí, enterraram-na em um beco escuro, longe dos olhos curiosos, e então partiram atrás de informação. Estrelinha decidiu ir até a Guilda dos Magos, conhecida no reino todo. Pipoca e PipiPitchu decidiram ver se achavam compradores no mercado negro em uma taverna perto dali.

Ao chegar à Guilda, o mago foi recebido por um velho de óculos, que se identificou apenas como o recepcionista do lugar. Após Estrelinha listar seus interesses ali, ele foi chamar o mestre da guilda. Logo, um homem novo, para espanto de Estrelinha, apareceu, se dizendo chamar Mestre Bolas Douradas. O nome fez o mago-palhaço sentir uma tristeza profunda, lembrando-se de tempos mais felizes.
Em um cômodo reservado, Estrelinha pediu informações sobre uma esfera peculiar, descrevendo a que por eles foi encontrada. Perplexo, o mestre da guilda indagou suas motivações, que foram esclarecidas apenas como curiosidade. Então, Bolas Douradas contou que tal esfera era a Orbe da Comunicação Planar, um artefato poderosíssimo de outrora que permitia, para quem soubesse como usá-la, entrar em contato com qualquer plano de existência; até mesmo os infernais. Em mãos erradas, poderia ser perigosíssima. Além disso, acrescentou que ela estava perdida há séculos; mas o atual Rei possui muito interesse nela. Suas razões para tal, ninguém sabe.

Estrelinha, capciosamente, perguntou o que aconteceria se alguém, por ventura, viesse a saber o paradeiro de tal artefato. Percebendo a malícia, o mago-mestre disse que a Orbe deveria ser entregue diretamente para ele, e não para o Rei. Ele saberia como lidar com ela. Se o paradeiro fosse conhecido, ele poderia enviar um grupo de mercenários para trazê-la em segurança. E acrescentou: “Tal informação seria muito bem remunerada.”.
Estrelinha então revelou saber o paradeiro da mesma. Que já possuía um grupo de mercenários. Só precisava dos subsídios e em poucos dias a esfera seria da Guilda. Os dois magos chegaram ao acordo de 3.000 moedas de ouro, e Estrelinha saiu em busca de seus companheiros.

Em outro canto da cidade, dentro de uma taverna fedorenta e tumultuada, PipiPitchu enchia a barriga de cerveja barata, enquanto conversava com o taverneiro e encarava (sem saber) a filha dele ao lado. Conversavam sobre o fato do chefe da Guilda dos Ladrões da capital gostar tanto de artefatos mágicos.
Em um canto escuro da mesma taverna, Pipoca fazia amizade com um grupo mal-encarado, e conversavam sobre o possível interesse da Guilda dos Ladrões em uma esfera de vidro mágica.
Quando ambos acabaram suas conversas, e se encontraram na porta de saída, já sabiam para onde deveriam ir.

Os três companheiros se encontraram, já no começo da noite, no local onde haviam enterrado a Orbe. Recuperaram-na e agora precisavam decidir o que fariam. Venderiam a Orbe para a Guilda dos Ladrões, ou sairiam da cidade até a poeira baixar e depois voltariam e a entregariam para a Guilda dos Magos pelas 3.000 moedas de ouro?
Enquanto pensavam, perceberam que uma figura sombria os espionava ao longe. Trocando olhares, decidiram continuar o caminho, fingindo não terem percebido nada. Mais a frente, encurralaram seu seguidor em um beco escuro. Capturaram-no e amarraram-no, começando o questionamento em seguida.
Quando retiraram o capuz preto, viram que era um elfo de longos cabelos dourados. Depois de muito indagado (e de sentir o punho do bárbaro em seu estômago), ele confessou trabalhar como espião do Rei. O soberano já sabia do sumiço do artefato e mandou seus espiões e sua guarda averiguarem possíveis culpados. Eles estavam no radar.
Após cortar a garganta do infeliz e esconder seu corpo no beco, decidiram que precisavam sair dali o mais rápido possível. Venderiam a Orbe para o chefe da Guilda dos Ladrões e iriam embora daquela cidade.

Ao chegarem à Guilda, já estavam sendo esperados. Os sujeitos mal-encarados que conversaram com o halfling na taberna os aguardavam. Foram levados até o chefe; um obeso humano barbudo, de pele quase tão clara quanto a de Pipoca, que atendia pelo nome de Pluto.
Após contarem sobre a Orbe da Comunicação Planar (da qual Pluto já sabia o que era), sem rodeios, eles perguntaram quanto ele pagaria por ela. Ele disse que possuía um comprador que estava interessadíssimo nela; o que lhe renderia um bom dinheiro. Porém, ele morava em uma vila a dois dias de viajem ao sul. Se os três levassem a Orbe até ele (escoltados por quatro dos homens da Guilda, é claro), eles poderiam ficar com 4.000 moedas de ouro do pagamento.
Aceitaram; mas ratificaram que precisavam partir ainda naquela noite. Não foi um problema para o grande Pluto, que pediu para que encontrassem seus homens em meia hora fora dos portões da cidade. E assim o fizeram...

A seguir, a aventura desse "heroico" trio continua na segunda sessão...

domingo, 22 de setembro de 2013

Uma Aventura Inesperada - Sessão 01 (1ª parte)


E aí pessoas! Tudo certo?
Como falei, hoje começarei com os posts referentes à aventura de RPG que estou mestrando. Quando transcritos, os reportes das sessões ficaram um pouco grandes, então dividi em duas partes.
Aqui vai a primeira de todas:


Sessão 01 (1ª parte)

Após três dias de viagem pelas planícies das terras do norte, a caravana se encontrava a meio caminho de seu destino final: a cidade-capital de Lathander.
Com o cair da noite, os viajantes se reúnem ao redor de fogareiros para prepararem e comerem seus jantares. Depois, precisam dormir para reporem suas energias, pois a estrada ainda é longa.
Nossos heróis (PipiPitchu, Estrelinha e Pipoca) dividem uma perna de cordeiro assada com seus mais novos amigos na caravana, John e seu irmão mais novo, Jack. Após uma conversa amistosa, Estrelinha volta seu olhar para a carroça totalmente coberta perto dos soldados.
Como todos os dias anteriores, os guardas reais não saem de perto dela. Além dos oito guardas, o capitão (que se diferencia por trajar uma capa longa e roxa) também se mantém sempre atento.

Ao indagar os irmãos se eles sabem de algo sobre aquela peculiar cena, a única informação que recebe é que aquele carregamento está sendo levado direto para o Rei, mas nem mesmo os soldados têm permissão de ver o que se encontra dentro daquela carroça.
Os olhos de PipiPitchu brilham com a ideia de baús cheios de ouro e joias lá dentro. Ele olha na direção de Estrelinha (ou pelo menos pensa que está olhando na direção certa) e diz: “Vamos conversar em particular!”.

“Eu? Por que?”, responde John. E, virando os olhos mais para o lado, o bárbaro responde: “Não você, idiota. O meu amigo aqui...”. E coloca a mão no ombro do mago, na segunda tentativa; pois na primeira ele errou por alguns centímetros, sem achar nada ali. Dando um tapa na cabeça de Pipoca, completa: “Vamos, tampinha!”.

Uma vez a sós, os três decidem ver o que estão escondendo naquela carroça. O plano traçado por eles era perigoso, mas talvez desse certo. Estrelinha tentaria distrair os guardas que se encontravam mais perto da carroça, usando de seus poderes arcanos. PipiPitchu começaria uma briga com os irmãos, tentando atrair a atenção dos guardas mais perto deles. Enquanto isso, Pipoca tentaria se esgueirar sorrateiramente para dentro da carroça.
PipiPitchu voltou à fogueira onde se encontrava os irmãos e com o dedo em riste, apontando para Jack (ou ao menos ele assim pensava) começa a bradar com todo o ar de seus pulmões: “VOCÊ ESTÁ COMENDO A MINHA PERNA DE CORDEIRO! LADRÃO!”. E já desfere um potente soco no queixo do mesmo. O outro irmão entra na briga, e logo mais dois guardas que estavam perto tentam apartar.
Nesse ínterim, Estrelinha faz uma voz mágica xingar a mãe de um outro guarda, que se volta para a direção de onde ele acredita tê-la ouvido e encontra um companheiro fardado. Uma discussão se inicia e logo espadas são puxadas e ameaças de morte são proferidas. Os dois soldados saem correndo pela noite (um fugindo e outro perseguindo com a espada levantada). O capitão manda o resto da guarda atrás dos dois imbecis, ficando sozinho perto da carroça.
Enquanto Estrelinha esconde uma risada, e PipiPitchu está sendo espancado pelos guardas e os dois irmãos, Pipoca consegue entrar no fundo da carroça sem que o capitão perceba. 
Logo depois ele já sai e faz sinal para o mago. Este imita um piar de coruja e logo o bárbaro já se levanta pedindo desculpas e prometendo não arranjar mais confusão.

Dali alguns minutos os três voltam a se reunir nas sombras do acampamento, sem que ninguém tenha percebido o que realmente ocorreu.
Ansiosos, eles aguardam enquanto o branquelo halfling mostra sua capa embrulhando algo. Dela ele retira um globo de vidro, mais ou menos do tamanho de um punho humano, com padrões multicoloridos dentro dele, parecido com uma grande bola de gude. Ele diz que é a única coisa que encontrou dentro daquela carroça. O mago a segura e sente um grande poder mágico nela, mas nenhum deles sabe o que ela é realmente. Então fica decidido que ela ficará guardada com Estrelinha, que a coloca embaixo de seu manto, no espaço entre suas pernas.
PipiPitchu diz então que quer uma mulher naquela noite. Embebeda-se e começa a importunar as mulheres da caravana. Para não ter maiores problemas, Estrelinha faz uma ilusão, transformando uma árvore na imagem de uma mulher voluptuosa que se insinua para o bárbaro. Em poucos momentos, a caravana inteira está rindo do brutamonte bêbado que está agarrando e beijando um carvalho.

Nos dias seguintes a viagem segue sem maiores surpresas. Os irmãos não chegaram mais perto do bárbaro maluco. Os soldados ficaram sem suas rações como castigo. E como nenhum deles (nem mesmo o capitão) tinha permissão para olhar dentro da carroça, nossos três amigos não tinham que se preocupar em serem descobertos.
Enfim, a viagem tinha acabado e eles tinham chegado à cidade-capital de Lathander. Logo na entrada do portão principal, o capitão veio em direção ao trio. Quando se aproximou, disse para o mago: “Percebi que você é amigo desse bárbaro. Espero que não tenhamos problemas com ele aqui na cidade. Conto com sua ajuda?”.
Mais que prontamente, Estrelinha acenou positivamente com a cabeça, e o capitão virou as costas, jogou sua capa sobre o ombro, e foi embora.

Mal haviam colocado os pés dentro dos muros da capital, quando John e seu irmão se aproximaram, pedindo desculpas pelo ocorrido e dizendo que não guardavam ressentimentos. A resposta veio em forma de um punho do bárbaro bem no meio do nariz de John.
Antes que a briga começasse, os guardas já se encontravam ao redor deles, com espadas sacadas, esperando a ordem do capitão que se aproximava. “Eu avisei, não avisei? Homens, levem-no para a masmorra.”.
Somente a grande lábia do mago (e algumas moedas) fizeram o capitão mudar de ideia e dar uma terceira chance para o bárbaro.



Agora, eles precisavam agir rápido. Assim que o Rei descobrisse que o carregamento havia sido roubado, ele mandaria investigar todos os integrantes daquela caravana. E como eles já se encontravam na mira do capitão, com certeza estariam na frente da fila. Precisavam descobrir o que aquela enigmática esfera realmente era; e o mais importante, o quanto valia...

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Uma Aventura Inesperada

Fala aí, pessoal. Tudo certo?
Depois de tanto, voltei!!!
Hehehe.

Finalmente consegui um tempinho e fui capaz de reunir um grupinho de jogadores para jogar RPG. Pretendemos jogar semanalmente, todo domingo (vamos ver quanto tempo conseguiremos manter essa prática... hehe).
Achei uma ótima oportunidade para testar o sistema que criei e estou aperfeiçoando. Está se saindo muito bem até agora.
E não pensem que me esqueci... irei, sim, continuar postando as regras dele aqui no blog.

Influenciados por vários fatores (entre eles: nosso pouco tempo de sobra, nosso amor pelo OldSchool, a incerteza de continuidade das sessões, e a nossa primazia por nos reunir e dar risadas à levar um jogo a sério), decidimos começar uma campanha descompromissada, em um cenário totalmente SandBox (que iremos criando ao decorrer das aventuras), com personagens engraçados, mais voltados à palhaços de filmes de comédia do que aventureiros calejados.
Devo dizer que não está sendo, nem de longe, a campanha mais épica que estou participando. Mas estou rindo, e muito, nas sessões, e todos estamos nos divertindo ao redor da mesa (que no final, é o que realmente importa, não é mesmo?).
A seguir, a introdução da campanha e a apresentação dos personagens:

O maior e mais poderoso reino do continente de Padronizarium se situa nas terras ao sudoeste, ocupando uma imensidão de terras divididas entre seus Senhores Feudais. Seu nome é o mesmo de sua capital, Lathander.
Porém, o povo das fronteiras já viu dias melhores. As vilas do norte do reino estão sendo constantemente atacadas por legiões de orcs que descem das montanhas, em busca de ouro e sangue. Sofrendo imenso medo por suas vidas e de seus entes queridos, inúmeras famílias decidem viajar para o sul, em busca de segurança nas terras vizinhas à capital. Não é raro ver grandes caravanas rumando naquela direção, pois todos acreditam que juntos têm maiores chances.


Certo dia, um destacamento de soldados reais que se encontra em uma vila do norte está se preparando para partir em direção à capital; escoltando uma carroça com sua carga totalmente coberta. Logo, um amontoado de pessoas de todas as espécies decide se juntar à viagem. E é nessa caravana que encontramos nossos heróis:

PipiPitchu, filho de PapaPapai, o Gago. Um guerreiro forte e destemido de uma tribo bárbara do norte. Apesar de “um pouco” estrábico, nunca recusou uma luta, uma mulher, ou um caneco de cerveja. Em suas palavras, essas três coisas são o sentido de sua vida.

Pipoca, o leiteiro. Um halfling que nunca teve sorte na vida. Além de ter nascido baixinho (até mesmo para os padrões de um halfling), ainda é albino. Foi rejeitado por sua família e viveu em um orfanato desde muito pequeno. Quando já era um pouco mais velho, fugiu. Desde então, vem tentando ganhar a vida nas ruas, da maneira que sabe: roubando. Ganhou seu apelido, pois ficou muito conhecido na vila onde nasceu por roubar o leite da porta das casas das pessoas. Essa “fama” foi mais um motivo para tentar a vida no sul.

Estrelinha, o palhaço. Um praticante das artes arcanas que nunca foi levado a sério. Logo no início de seus estudos, acabou perdendo um de seus testículos em um acidente; o que mexeu profundamente com sua autoestima. Por um bom tempo, deixou as artes arcanas de lado, e começou a animar festas com truques menores e piadas. Sempre usando um manto cheio de estrelas bordadas, daí veio seu apelido. Só recentemente voltou aos estudos da grande arte.


Por força do destino, essas três figuras tão caricatas se conheceram e criaram um laço do que pode-se chamar de amizade. Pipoca conheceu Estrelinha em um de seus shows, enquanto tentava roubar os convidados. Como PipiPitchu veio a conhecer ambos, ainda é um mistério.
Uma noite, após três dias de viagem junto à caravana, aproximadamente na metade do caminho, algo chama a atenção do grupo durante um jantar amistoso com dois irmãos que também seguem viagem...

Bom galera, é isso aí. Na próxima irei colocar aqui o reporte da primeira sessão. Espero que gostem e que deem tantas risadas quanto eu com esses malucos... hahaha.
Um abraço!