quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Uma Aventura Inesperada - Sessão 02 (1ª parte)

Olá, meus caros!
Continuando com a aventura de nossos intrépidos heróis, eis o reporte da segunda sessão:

2ª sessão
A Lua crescente nasce com o cair da noite, e os três aventureiros se encontram na parte de fora da cidade-capital, esperando seus guias. Não muito depois, eles avistam quatro figuras cobertas por mantos passarem pelos portões principais e seguirem em sua direção.
Duas são conhecidas; apresentaram-nos ao Chefe Pluto. As outras duas são tão desconhecidas quanto enigmáticas. A primeira é um jovem com um tapa-olho cobrindo seu olho esquerdo. O segundo, já um homem mais velho, por volta de seus 35 anos, que nem sequer lança uma palavra em cumprimento a eles.

Por incrível que pareça, é o jovem que toma a palavra. “Eu sou Lupino. Serei o guia.”. Após algumas formalidades, ele continua: “Mestre Pluto me informou de nosso destino e de quem é o homem a quem devemos entregar o que carregam. Isso é tudo que precisam saber. Devemos nos afastar um pouco dessa cidade antes de descansarmos esta noite.”.
“Vejam que há dois caminhos que levam ao nosso destino. O primeiro, mais curto, segue uma velha trilha pela Floresta Negra. Em dois dias de viagem estaremos lá. Porém, nunca se sabe o que se pode encontrar pairando na escuridão daquelas árvores.”
“O segundo é pela planície que circunda a Floresta. Apesar de mais longo, o campo aberto nos dará uma visão mais ampla do terreno e teremos menos chance de sermos emboscados. Além disso, esse caminho é muito utilizado pelos mercadores e possivelmente encontraremos algum na viagem. Então? Por onde desejam seguir?”.

Após um breve momento confabulando, PipiPitchu anuncia que a trilha por dentro da floresta parece a melhor opção. E assim eles partem em viagem.
Logo com o anúncio de Lupino de que está na hora de descansarem, Pipoca fala para todos, enquanto busca por sua caneca na mochila: “Meu grande amigo PipiPitchu aqui disse que a primeira vigília é dele esta noite!”. Um sorriso se abre em seu rosto com o olhar de desaprovação do bárbaro.

Durante a vigília do bárbaro, Lupino também fica de guarda. Logo, ambos começam a puxar conversa. Ficamos sabendo da triste história de Lupino, que foi abandonado logo criança por sua mãe e precisou roubar para se manter vivo. Até mesmo foi estuprado por um cachorro em uma noite infortunada. Mas quando o Mestre Pluto lhe encontrou, sua sorte havia mudado. Agora, ele tinha tudo o que queria, em troca da simples obediência das ordens do obeso chefe da Guilda dos Ladrões.
Ele ainda libera informações do destino da viagem. A orbe será vendida para um morador de uma pequena vila de fazendeiros que se encontra logo após a Floresta Negra. Uma vila tão pequena que não possui nem nome.

Também sabemos um pouco mais da história do bárbaro. Seu pai, PapaPapai, o Gago, tinha um sonho de ter muitos e muitos filhos. Porém, por um viés do destino, acabou ficando impotente; e alguns anos depois, sua esposa veio a falecer. PipiPitchu tomou para si o sonho do pai, e busca ter nada menos que cem filhos no mundo. Por isso sua busca incessante por dinheiro (para sustentar tal prole) e sua vontade de acasalar com qualquer mulher que encontre.

A noite passa sem maiores problemas, e o dia seguinte também. A floresta é densa, escura, e sempre há aquela sensação de que alguém espreita e observa entre as árvores. Os homens da guilda têm um mau pressentimento e dizem que acham melhor voltar e pegar o caminho da planície. Os aventureiros descartam a possibilidade e acreditam tudo ser uma paranoia de medrosos. Seguem em frente.
Com o cair da noite, todos começam a montar acampamento. Pipoca logo anuncia: “Pois vejam! O bárbaro pediu a primeira vigília novamente!”. E solta um sorriso. O bárbaro não acredita que foi mais lento que o halfling de novo.
Dessa vez, quem assume a guarda com o bárbaro é a membro mais velho. Permanece silencioso e soturno em seu canto. Quando PipiPitchu tenta puxar conversa, não há resposta. Mas um aviso vem de Lupino: “Ele não fala. Desde que o conhecemos ele não emitiu um ‘piu’ sequer. Deve ser trauma de infância...”. O bárbaro desiste.

Mas a monotonia não dura muito tempo. Logo, o bárbaro e o homem se levantam. Eles avistam dois pares de pontinhos vermelhos surgirem no meio da mata logo adiante. Um som estranho, parecido com gritos e chiados, toma conta do silêncio da floresta; e logo mais pontinhos aparecem por toda a volta ao redor deles.
Estrelinha diz que os sons parecem com o idioma dracônico, porém muito mais primitivo. A confirmação vem de Lupino: “Kobolds! E estamos cercados! Devem ter uma dúzia deles ao nosso redor.”.
Todos os membros da guilda sacam suas espadas curtas. O bárbaro empunha seu machado e todos formam um círculo, um de costa para os outros. Estrelinha se encontra no meio do círculo e Pipoca corre para tentar se esconder em uma moita longe da luz da fogueira.
O som se intensifica, como se bradassem um grito de guerra. Pequenas lanças voam em direção ao grupo. Somente uma acerta seu alvo: a perna de um dos homens da guilda. Os pontinhos vermelhos começam a aumentar de tamanho, indicando que eles estão se aproximando e fechando o cerco.

“São muitos! Vamos arremeter na direção da vila, abrir aquela parte do cerco na base do aço, e continuar correndo noite adentro até despistarmos eles.”. A ideia veio do bárbaro. Ninguém pareceu recusar ou ter uma melhor.
Eles investem na direção dos olhinhos que vêm do oeste, Lupino e PipiPitchu à frente do grupo. Logo, se deparam com quatro criaturas baixinhas, com escamas e rabos compridos como répteis, empunhando pequenos escudos de madeira e espadas curtas. A primeira defende o golpe de espada de Lupino com seu escudo, enquanto a segunda é degolada pelo machado do bárbaro.
Uma esfera de pura magia cintilante explode no peito da terceira criatura, que cai chamuscada; enquanto a quarta e um membro da guilda se digladiam.

O caminho parece que está se abrindo. O plano parece que está dando certo. Mas eles se esqueceram de avisar Pipoca, que estava escondido no meio da vegetação. Ao sair do esconderijo e arremessar uma de suas adagas certeiras na testa de uma das surpresas criaturinhas, o halfling se depara com a situação. Ele está sozinho e longe de seus companheiros. Ele tenta correr até eles, mas é barrado por um dos seres reptilianos, que atravessa a lateral de sua barriga com a lâmina de sua espada curta.
Ao ver a cena, o bárbaro grita um poderoso “NÃO!” que ecoa floresta adentro, e corre em direção ao companheiro, que está quase perdendo as forças e indo ao chão. Os outros integrantes da comitiva, após um segundo de hesitação, o acompanham. O resto das criaturas consegue fechar o cerco ao redor deles. Uma intensa batalha segue noite adentro.

Após minutos que mais parecem uma eternidade, os corpos inertes e massacrados de vários kobolds se encontram aos pés dos guerreiros, enquanto os poucos remanescentes fogem para dentro da mata. Saíram vitoriosos, mas não sem baixas. O homem que antes não falava, agora nunca terá a oportunidade; e um de seus companheiros também jaz morto ao seu lado. Além disso, Lupino e o outro membro da guilda se encontram gravemente feridos, Pipoca está à beira de um colapso (somente sua força de vontade, ou os deuses, o mantém de pé), e PipiPitchu possui um profundo corte em uma das pernas.
Após algumas bandagens serem aplicadas, eles decidem seguir viagem o resto da noite, com o halfling sendo carregado pelo bárbaro. Com o raiar do sol, eles chegam ao final da trilha e se encontram fora da Floresta Negra. A vila já pode ser avistada no horizonte, e Lupino calcula que chegarão lá com as últimas luzes do poente.

Decidem, então, montar um acampamento improvisado ao lado da estrada e dormir um pouco, para recobrarem as forças, na medida do possível. Depois retomariam a viagem. 
Com as poucos forças que restam, Pipoca fala em um tom baixo: “A primeira vigília é do bárbaro...”. Abre um singelo sorriso antes de desmaiar...